Conjuntos de ballet clássico

Está chegando a época dos Festivais de Dança, bailarin@s. É a hora de levar para o palco tudo aquilo que se aprendeu em sala de aula. Como estou ensaiando um conjunto clássico com meus alunos, tenho assistido a muitos vídeos para ver os desenhos coreográficos e poder sair do beabá um pouco.

Mas também tenho visto muita coisa em comum nesses grandes trabalhos coreográficos e o principal: quando você dança em conjunto, além de, obviamente, ter que saber executar bem os passos, precisa saber trabalhar em grupo.

Minhas professoras, Fátima Barbosa e Toshie Kobayahi, sempre coreografam grandes grupos. E o resultado é sempre encantador. Não existe coisa mais linda do que ver um conjunto bem ensaiado.

Chegou a minha vez de ensaiar pessoas. É difícil, mas existem 3 pontos muito importantes que fazem toda a diferença e que todo mundo pode aprender:

1- Entrar e sair de cena: este é o momento em que o bailarino precisa praticamente desaparecer e reaparecer em segundos do palco. No vídeo abaixo, com uma quantidade enorme de bailarinos, é possível ver o quanto se corre para que esse efeito apareça. Outro ponto importante: correr feito bailarino requer leveza e saber o que fazer com os braços. Tem que desaparecer com elegância. Senão, como costumo brincar no ensaio, parece chacrete.

2 - Manter alinhamento e lugar na fila: quando você dança em conjunto, é meio óbvio: não é um solo, não é para um bailarino se destacar. Claro que, em determinados momentos, o coreógrafo cria passos para que um solista tenha seu destaque, mas de forma geral o grande trabalho é o desenho da dança. E ele só acontece com todo mundo no seu devido lugar. Bailarino tem que ter olhos nas costas e visão periférica aguçada. Tem que ficar na fila, na diagonal, atrás de quem tem que ficar e ter noção de espaço. Ou você corre o risco de tomar uma belíssima bronca e pagar o maior mico estilo Videocassetada por não estar fazendo o mínimo do que era esperado. Para quem está nas primeiras filas, a responsabilidade é dobrada! Se você erra, todo mundo vai errar junto!

3 - Escutar a música. Regra de ouro para o ballet. Vale para corpo de baile e primeiros-bailarinos. Especialmente em conjuntos, ouça todos os instrumentos da música que você está dançando. É com eles que o coreógrafo trabalhou. Se ele quer todo mundo num relevé em um determinado "pam" da música, é porque todos têm que fazer isso juntos. Decore esses momentos importantes, ligue todos os sentidos (visão, audição) e esteja 100% atento a tudo.

Com essas regrinhas de ouro, de repente sua pirueta não saiu lá do jeito que você queria, mas certamente o conjunto tem grandes chances de dar certo. E é ele que conta nesses casos.

Abaixo um vídeo que ilustra tudo o que falei. Vejam como os integrantes se comportam o tempo todo e me digam se é ou não é muito legal o trabalho de equipe.


Grand Defile - coreografia do brasileiro Carlos dos Santos Jr. para o YAGP em Nova York. Aqui no Brasill é remontada no Passo de Arte por Toshie Kobayashi.


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